Volume e faturamento das exportações do agronegócio em 2020 são recordes e a carne suína segue destaque

O agronegócio brasileiro encerrou 2020 com recorde nas exportações. De acordo com relatório do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP, com base em dados da Secretária de Comércio Exterior (Secex), o volume exportado pelo setor cresceu 10% de 2019 para 2020, e o faturamento, 4%, atingindo o recorde de US$ 101 bilhões.

Ainda, segundo a instituição, esse cenário é resultado especialmente da boa oferta agrícola em 2020, que foi fundamental para o setor atender tanto a demanda brasileira quanto a internacional por alimentos, fibras e energia. Os produtos mais exportados pelo agronegócio no ano passado foram os do complexo da soja, as carnes (especialmente suína, seguida por bovina e de frango), açúcar, algodão e café.

O principal destino do agro brasileiro continua sendo a China, que desde 2013 tem aumentado cada vez mais sua participação na pauta de vendas dos produtos nacionais. Em 2020, as exportações da carne brasileira para o país asiático aumentaram, especialmente as de carne bovina, e a participação da China no total das exportações agro brasileiras ficou em 33,7%. A soja em grão continua sendo o principal produto enviado à China, que foi destino de 73% de toda oleaginosa exportada pelo Brasil em 2020.

Países da zona do Euro foram o segundo destino mais importante para os produtos brasileiros e os Estados Unidos, o terceiro.

O cenário da carne suína em 2020

Durante todo o 2020, os embarques de carne suína permaneceram elevados, atingindo volumes recordes. Em dezembro a quantidade embarcada recuou, sendo a menor em oito meses, mas, ainda assim, foi a mais elevada para o mês.

Segundo a Secex, foram exportadas 81,3 mil toneladas de carne suína em dezembro, queda de 6% na comparação com novembro, mas 8,7% acima do volume de dezembro de 2019. Esse recuo mensal esteve atrelado aos menores envios a Hong Kong e ao Vietnã, importantes destinos da proteína brasileira. De novembro a dezembro, as exportações a Hong Kong recuaram 18,9%, somando 10,25 mil toneladas no último mês. Ao Vietnã, foram embarcadas 1,15 mil toneladas, forte queda mensal de 49,7%.

Em um balanço divulgado pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), de janeiro a novembro de 2020, o Brasil exportou 39,5% a mais de carne suína do que no mesmo período de 2019, totalizando 940,9 mil toneladas embarcadas. A receita também foi 47,1% maior na comparação deste período. Santa Catarina respondeu por mais de 52% da carne suína exportada neste ano (480 mil toneladas), seguido pelo Rio Grande do Sul (26%) e Paraná (14%).

Segundo a ABPA, a produção brasileira de carne suína deve aumentar entre 6,7% a 8% em 2021 em relação a 2020, que deve fechar com um volume produzido de 4,25 milhões a 4,3 milhões de toneladas. A entidade projeta que as exportações devem crescer de 33% a 37% no próximo ano e, mesmo com o recorde das exportações, a disponibilidade de carne suína internamente pode aumentar até 2%. O consumo per capita no Brasil não deve sofrer variação, assim como ocorreu entre 2019 e 2020 (15,3 kg/pessoa/ano).

Perspectivas para 2021

Mesmo com a aprovação das vacinas, o mercado ainda tem muitas incertezas, principalmente em relação à volta da “normalidade” e como ela será. Segundo o Cepea, questões sobre as relações políticas entre EUA e China, e desses com o Brasil e os países europeus e suas consequentes políticas comerciais devem ser guiadas por uma diplomacia mais pragmática em 2021. Além disso, a Índia tem alçado cada vez mais espaço no comércio internacional. 

As projeções mostram que a China deve continuar liderando o crescimento da demanda internacional por alimentos. Em relação aos outros países, a recuperação deve ficar condicionada ao controle da pandemia. No Brasil, pesquisadores do Cepea alertam que a apreciação cambial vista em 2020 pode arrefecer se as autoridades nacionais conseguirem ter sucesso no controle da pandemia, que é condição necessária para a retomada da economia, mas não suficiente, já que crises domésticas que elevam as incertezas em relação à retomada do crescimento econômico podem afastar o interesse de investidores num mercado de capitais que deve se manter com bastante liquidez. 

Referências:

Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA)

Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea)

Secretária de Comércio Exterior (Secex)

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